fragmentos críticos


texto: Vários

VISUALSCAPE

O panorama urbano modifica-se como um corpo que se expande espacial e cromaticamente. É por este motivo que a comunicação visual está se tornando, cada vez mais, um dos elementos da estética no que se refere a seu significado mais profundo, isto é, o sentimento pulsante do desejo que interage com os fluxos de uma metrópole, no caso São Paulo, para transformá-los.

O tom cinza do “concreto” armado vai cedendo lugar a novas percepções que modificam os edifícios tradicionais, fazendo com que se transformem em obras de arte vivas. Antes este aspecto era, tomado em seu sentido lato, da competência exclusiva da arquitetura: aquela que constrói volumes sólidos e projeta as condições da modernidade. Hoje, o estilo, no que se refere às dimensões artísticas que se dilatam nos corpos urbanos, envolve, cada vez mais, as fachadas dos edifícios.

E Claudio Tozzi transforma aquelas que eram fachadas anônimas em faces curiosas e surpresas, que quebram a uniformidade do transitar e inserem angulações visuais agudas e pluriformes que, nas suas variações cromáticas do azul, fazem “angélica” sob muitos sentidos e muitas prospectivas uma avenida como a Angélica. A fachada deste edifício Exclusive é tratada também e sobretudo no seu aspecto corpóreo. Como “face celestial” que mescla polifonias e policromias exatamente enquanto consegue emitir uma multiplicidade de códigos visuais que não são mais absorvidos passivamente mas que requerem uma ativa participação do indivíduo metropolitano, atento observador das diferenças e não das identidades.

Em seu transitar, a comunicação visual contribui em focar a atenção em algo de extraordinário, o que, sem ela, seria um panorama normal. Por este motivo é que Claudio Tozzi é um artista que vive e transforma - transgride - os locais estáticos e normais, transformando-os em áreas de trânsito visual, em áreas que forçam o sujeito que olha para o alto a olhar também para dentro de si mesmo e, neste processo duplo, experimentar o tremor do desejo.

Inserir cada vez mais este tipo multíplice de visualscape entre as frestas metropolitanas é o desafio que aceita a condição da metrópole comunicacional como o contexto dentro do qual escorre o pular contemporâneo que não se adapta simplesmente (como demasiadas vezes tende-se a sustentar), mas que modifica e “se” modifica dentro e contra a tradicional uniformidade para difundir o prazer da multiplicidade.

Massimo Canevacci