obra em construção


obra em construção

Em obras recentes, Cláudio Tozzi anuncia novos caminhos, como por exemplo aquela realizada em 1988, a composição parte de um centro irradiador que provoca uma sensação visual de expansão e de contração, ou seja, provoca uma migração visual de dentro para fora e, no sentido inverso, de fora para dentro. O artista trabalha o espaço através de retângulos recortados, de matéria espessa de cor, que se sobrepõem a um fundo azul. No centro, circundando pelos retângulos, Tozzi constrói uma forma "amebóide", também azul, que lembra os relevos de Jean Arp. Esse núcleo, de força contrária aos elementos dispostos à sua volta, desencadeia um processo de relações visuais. Suas características formais não angulares a seu campo de cor fria provocam um resultado extraordinário de confronto com os retângulos de cores quentes e luminosas (vermelho e amarelo). O relevo azul, no campo azul, ganha maior energia para suas funções nucleares e expansivas, mas não desagregadoras.

O espaço luminoso ganha vida e produz uma sensação inquietante, não pelo seu movimento, mas pelo seu pulsar.

Em outras obras, as formas também aparecem diluídas. O artista não se utiliza de planos, de recortes, nem de montagens.
As relações cromáticas, tanto pela sua pigmentação quanto pela sua matéria, se articulam e sugerem formas. As cores organizam uma nova especialidade, onde a variação e, ou, a repetição aproximam ou distanciam os tons, formando zonas, ou melhor, trajetórias diversas que, às vezes, resultam em linhas e planos.

Sua pintura atual parece ter encontrado a síntese dos elementos de cor e de forma, que se desenvolveram a partir da série "Passagens", e nos sugere, como já ocorreu anteriormente na sua obra, que Cláudio Tozzi nos surpreenderá com uma nova plasticidade.

Fábio Magalhães