obra em construção


apropriação de imagens

O ponto de partida de suas obras foi a apropriação de imagens, influenciado pelas idéias dadaístas de Marcel Duchamp e pela "Pop Art" de Roy Lichtenstein. Mas Cláudio Tozzi desenvolveu um processo pessoal de apropriação, que pressupõe uma escolha significativa a partir de uma analise de conjuntura. Essa escolha já revela uma intenção, um objetivo: a procura das imagens mais significativas, capazes de causar impacto sobre determinada situação social e cultural. Existe quase um espírito jornalístico na escolha dos temas e na contextualização de suas imagens, destacando sempre os aspectos mais significativos da conjuntura.

Para Cláudio Tozzi, a apropriação é produto de uma pesquisa sobre um universo de imagens já produzidas e, muitas vezes, já trabalhadas por outros meios de comunicação de massa, como jornais, "outdoor", sinais urbanos, histórias em quadrinhos, etc. desta forma, a imagem, uma vez apropriada, passa a conter significados diferentes daquelas que lhe deram origem, sobretudo pelo novo tratamento dado pelo artista. Entretanto, mesmo depois da apropriação e da sua inserção no contexto da obra-de-arte, a imagem mantém ainda seu preferencial significativo, ou seja, do seu contexto de origem, revelando, e inclusive acentuando, o caráter de apropriação.

A obra recoloca o problema da imagem numa nova situação de significado, mas informa também que houve alteração de significado. Isso quer dizer que as "imagens apropriadas" de Cláudio Tozzi operam numa relação de enfrentamento com as "imagens produzidas" das quais o artista se serviu. A abordagem discrepante do repertório que lhe deu origem produz um efeito de paródia eficaz, que abre caminho para a reflexão. Também aprofunda o debate sobre os temas tratados e amplia as possibilidades de leitura da obra.

A temática de Cláudio Tozzi desenvolveu-se, principalmente durante os anos sessenta e setenta, a partir de uma preocupação com a objetividade pouco comum na arte brasileira. O assunto da obra parte da própria realidade. Os aspectos que compõem seus grandes temas saem das discussões da sociedade, dos problemas que estão na ordem do dia, dos fatos que merecem manchetes nos jornais.

O tema tem origem, desenvolve-se, transforma-se em nova linguagem de rígidas preocupações construtivas, e opera sempre dentro da realidade do "mundo lá fora". Esta preocupação difere da postura de grande parte das vanguardas internacionais, em que as transformações plásticas estão voltadas, sobretudo, para a dinâmica interna de seu próprio processo de criação de linguagem.

Na obra de Cláudio Tozzi, a preocupação com os problemas do "mundo lá fora" não coincide com as apropriações temáticas da Pop Art norte-americana, assim como difere da postura frente aos temas urbanos adotada pelos artistas de sua geração no Brasil. Tozzi não trouxe apenas para a linguagem artística um novo repertório de signos urbanos, mas procurou levar para o espaço urbano um projeto cultural de crítica social - suas "pinturas manifestos".