Renoir na parede e bandido na cozinha
Vivi hoje à tarde no Masp experiência única. Inesquecível. Cheguei ao museu às l4 horas para reunião com a fotógrafa e promotora cultural Norma Guimarães. Era minha intenção conversar com Norma sobre futura exposição de jovem e talentoso artista e depois ver Renoir.
Descemos para o restaurante. Tomei um suco de maracujá e norma um capuccino. Vi um cuidado portfólio, li textos e ouvi o relato sobre o artista. De costas para a entrada, onde fica a caixa do restaurante não vi mas ouvi alguém correr, um ruído forte como se algo pesado tivesse caído no chão.
Virei e vi uma garçonete de olhos esbugalhados, pálida, a boca aberta. O barulho fora provocado por alguém que se lançara contra a porta de vidro.
Funcionário da segurança do museu junto à porta sem saber o que fazer falava no walkie-talkie. Norma pálida e assustada, mas controlada, reuniu o material da mesa e gentilmente sugeriu que fossemos embora. Aproximei-me da garçonete e perguntei: O que foi ?? Respondeu: Ele pegou a caixa como refém.
Sensação entranha aquela. Do outro lado da parede de vidro, Renoir, do lado da cozinha o assaltante com macacão de lixeiro, revólver na mão, óculos escuros, com a refém.
Pessoas apavoradas subiam a escada em direção ao mezanino. Outras, totalmente alheias ao que se passava continuavam a apreciar as telas do mestre francês.
Subimos as escadas . No patamar um senhor descontrolado, assustado falava sem para: Ele quis me pegar. Apontou o revólver para mim. Consegui escapar. Pálido, muito pálido, tremendo.
Enquanto subíamos as escadas em direção à Paulista, policiais militares,coletes à prova de balas, revólveres na mão desciam correndo em direção ao restaurante.
Alunos do primeiro grau que se encontravam no mezanino foram evacuados às pressas. A loira professora atarantada e assustada célere deixou a cena com os alunos.
Ao chegar a topo da escada viaturas da PM chegavam com sirenes ligadas. PMs, entre eles uma decidida policial,metralhadoras e revólveres nas mãos deixavam rápidos os carros e se colocavam em posição de ataque. Outros desciam as escadas . Prontos para o desse e viesse.
A impressão que tive é de que estava vendo um capítulo de Third Watch com locação no Masp. Só que não houve tiroteio, perseguição alucinada pela Paulista e não sei o que aconteceu com o bandido lixeiro.
Aos poucos os carros da polícia deixaram o vão livre do Masp. Eram os mocinhos indo embora. O bandido se mandou. Na tela não apareceu o tradicional The End. Na Paulista o sol brilhava forte. Até que para uma sessão das duas o filme foi bom.
Carlos von Schmidt
11/6/2002 22,40h
|