Perigo amarelo

Semana passada recebi de Celita Procopio de Carvalho, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Armando Álvares Penteado, uma caixa contendo três belíssimos livros sobre a exposição China. A Arte dos Imperadores, a Arte do Cotidiano e a Arte Contemporânea, presentes na mostra inaugurada em 18 de agosto e em exibição até 3 de novembro do corrente ano, esta analisada e catalogada nos volumes. Coisa de lº mundo.

No vernissage, só vi o desfile da moda palaciana em dinastias várias e demonstrações de artes marciais feitas por jovens monges. Após vê-los o filme de Ang Lee , O Tigre e o Dragão, e O Caminho para Casa de Yimou Zhang recém vistos, passaram a ter para mim outro significado.

Ainda não fui à China. Conheço-a através de livros, cinema, Opera de Pekim, bienais de Veneza e de São Paulo, Documenta, Internet. Quando menino não foi nem uma nem duas vezes que ouvi os mais velhos referirem-se à China como o perigo amarelo. Não sei explicar, mas a expressão perigo amarelo ficou em minha memória.

Eu sabia que o perigo não tinha cor. E se tivesse, na minha lógica infantil , a cor do perigo só poderia ser vermelho, cor do sangue.

Nos anos 60, com os militares no poder , esse perigo amarelo ganhou proporções alarmantes. Ir a China e na volta reunir pessoas para falar sobre a arte do país de Mao. era subversão. Dava cadeia.

Hoje, essa magnífica exposição está aí. Falarei sobre os três segmentos após visitar o Museu de Arte Brasileira. Há muito para ver. Muito para contar.


Carlos von Schmidt
14/9/2002