Da orelha ao retrato
L'Arlésienne Madame Ginoux 1890
Ontem à noite no leilão da Christie’s de New York, L’Arlésienne, Madame Ginoux, de Van Gogh, foi arrematada por 40 milhões e 300 mil dólares.
O dólar ontem no Brasil foi cotado em R$2,05. Isso significa que a tela foi vendida por 82milhões e 615 mil reais.
Van Gogh pintou L’Arlésienne em 1890 em um hospital. Fez cinco versões.
O ponto de partida foi um desenho de Gaugin, da senhora Ginoux, dona do café que ambos freqüentavam em Arles. Ao pintar a série Van Gogh já tinha cortado a orelha. Segundo alguns, com a mesma navalha com que ameaçou Gaugin durante uma discussão.
Mutilar-se foi sua maneira de se desculpar. A orelha foi enviada como presente a prostituta que freqüentava o café e que causou a discussão. A moça devolveu a orelha. Van Gogh pintou L’Arlésienne em homenagem a Gaugin.
Do hospital Van Gogh lhe escreveu: "Me dá enorme prazer quando você diz que o retrato da arlesiana, que foi inteiramente inspirado em seu desenho, é de seu agrado”. "Procurei ser respeitosamente fiel ao seu desenho, mas sem deixar de tomar a liberdade de interpretar, através da cor, do caráter sóbrio e do estilo do desenho em questão”.
"Considere esta obra como sendo minha e sua e um resumo dos nossos vários meses de trabalho conjunto".
Meses depois de pintar L’Arlésienne, van Gogh em um campo de trigo, dos muitos que pintou, deu um tiro no peito. Não morreu na hora. Foi socorrido. Dois dias depois, não resistiu.
L’Arlésienne estava no acervo da coleção da família Bakwin e foi avaliada pela Christie’s entre 40 a 50 milhões de dólares.
A disputa pela pintura começou com um lance de 26 milhões de dólares. 53 milhões e 300 mil reais.
A Christie’s não revelou quem foi o comprador e muito menos para onde irá L’Arlésienne. Informou apenas que das 50 obras postas em leilão, 43 foram arrematadas.
O valor total das vendas foi de 180 milhões de dólares. 369 milhões de reais.
51% dos compradores eram americanos, 36% europeus, 5% asiáticos e 8% de outros países.
São Paulo 3 de maio de 2006 19H4’ Carlos von Schmidt
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