Matar ou morrer


Gary Cooper em "Matar ou morrer" (1952)


Na próxima semana é provável que os jornais falem de um documentário denominado, All the President’s Films .

Trata-se de uma curta metragem sobre os filmes vistos pelos presidentes norte-americanos, na Casa Branca.

A partir do registro mantido por Paul Fisher, funcionário responsável pela exibição, entre 1953 e 1986, 5000 filmes foram exibidos. Em média, 151 por ano.

Nesses 33 anos, os Estados Unidos foram governados por sete presidentes: Eisenhower, 1953 a 61, Kennedy, 1961 a 63. Johnson, 1963 a 69, Nixon, 1969 a 74, Ford, 1974 a 77, Carter, 1977a 81, Regan 1981 a 87.

Dos sete, Carter foi o presidente que mais assistiu a filmes. Nos 4 anos que permaneceu na West Wing da Casa Branca, viu 580. Em média 145 por ano. Isso significa 12 por mês.

Foi o único presidente a pedir a exibição de um filme com restrição, Perdidos na Noite, de John Schlesinger.

Matar ou morrer, foi visto 3 vezes por Eisenhower e acreditem se quiser, 20 vezes por Bill Clinton no período de 1993 a 2001.

No texto que recebemos da BBC não se comenta se Clinton estava só, com Hillary ou com Mônica Lewinsky quando o mocinho sacava o 38 e acabava com os bandidos.

Para Burt Kearns produtor executivo de All the Presidents Films o sucesso do clássico bangue-bangue, Matar ou Morrer, de 1952, estrelado por Gary Cooper e Grace Kelly fazendo uma ponta como noiva dele, pode ser facilmente explicada.

Disse para o Los Angeles Times : “o principal personagem de Matar ou Morrer é uma figura glamourosa, um homem que faz o que tem de fazer.”

“Ele é um homem que está sozinho, que precisa fazer a coisa certa. As pessoas imaginam que ele representa alguém que espelha o presidente”.


Será? O mocinho de Matar ou morrer só contava com a coragem, o revólver e a rapidez em sacar. O presidente dos Estados Unidos ao contrário dispõe do poder e da força inquestionável de um império.

Espelhar-se no heroísmo de um John Wayne ou no machismo de outro mocinho de Hollywood é uma viagem sem volta.

É preferível saber que Clinton viu 20 vezes Matar ou morrer , que transou com a estagiária, do que levou os Estados Unidos à guerra. Se Matar ou morrer era um tipo de catarse, funcionou.

Ironia das ironias foi Nixon em 1970 ter assistido 2 vezes Patton – Rebelde ou Herói? quando os Estados Unidos secretamente começaram a bombardear o Camboja.

Hoje, enquanto soldados dos Estados Unidos não vêem a hora de voltar para casa, são hostilizados e mortos no Iraque, o filme preferido de Bush é O Resgate do Soldado Ryan, filme de 1998 de Steven Spielberg.

Entre um filme e outro a guerra de verdade continua... E o terrorismo cresce.

Carlos von Schmidt
8 de agosto de 2003 22horas 30