Botero Indignado


Geneviève Laporte e Picasso nanquim 1951


Botero estava em um avião de carreira, sobrevoando o Atlântico, quando viu em um jornal as fotos e o artigo sobre os horrores da prisão Abou Gharib, em Bagdad. Indignado, pediu à comissária papel e caneta. Desenhou sem parar.

Esses desenhos e pinturas posteriores revelam a sua raiva e perplexidade. "Fiquei horrorizado, como o mundo todo. Essas torturas vinham dos Estados Unidos, o país mais rico, mais poderoso e que se considera um modelo de civilização" disse Botero no vernissage de sua exposição em Roma, quarta-feira,16.

De outubro do ano passado à janeiro, Botero desenhou e pintou sob a influência das notícias, sobretudo as da New Yorker. Os corpos redondos destes desenhos e pinturas não possuem a nudez e a ironia erótica costumeira. Estas foram substituídas por figuras balofas, em situações grotescas, humilhantes, aviltantes. O medo e a vergonha estão sempre presentes.

Fruto da revolta e da indignação, esses desenhos e pinturas dos prisioneiros de Abou Gharib fazem parte da exposição Os Últimos Quinze Anos apresentada no Palazzo Venezia, 118 , via del Plebiscito, em Roma. Até 25 de setembro.

São Paulo 21 de junho de 2005 18H13 Fonte Le Monde Carlos von Schmidt